O afiadíssimo Pondé recentemente publicou em sua coluna na Gazeta do Povo o artigo: “O Problema do Marketing” (https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luiz-felipe-ponde/o-problema-do-marketing/).
Sabemos que Pondé é conhecido como filósofo, comunicador e escritor, mas não conta um papel relevante como “homem de marketing” e esse é o ponto. Eu, como homem de marketing poderia criticar alguns pontos de seu artigo, porém o que me chama atenção é exatamente o seguinte: Cada um no seu lugar? Lugar de fala?…
Já há algum vimos convivendo com essa ideia que “só” pode expressar quem tem posição dentro do tema. A questão ganhou destaque pela filósofa Djamila Ribeiro e o “lugar de fala”, uma ideia a dar voz a minoria oprimidas, o que faz muito sentido. No entanto a ideia central foi vulgarizada e parece caso não seja uma pessoa expert no assunto ou reconhecida em seu papel não podemos mais opinar. Dessa forma pensadores, analistas do comportamento humano, filósofos e outros personagens são enfraquecidos em suas opiniões embora tenham conhecimento, articulação e retórica.
Nessas horas me pergunto: Não posso argumentar, não há lugar para ampliar o debate, devo reservar o espaço acadêmico e não o social para discutir determinado assunto ou só posso discutir sobre aquilo que estou identificado, graduado para? Isso não seria cercear meu direito de livre expressão?
Modestamente precisamos repensar essa qualidade do debate posto que aos poucos vemos cada vez menos atores em diversos cenários provocando monopólio de opiniões, pouca diversidade e amplitude, quando justamente precisamos o contrário para incluir mais e mais pessoas no pensamento reflexivo.
Quanto ao artigo do querido Pondé não posso concordar que “O marketing é um retrocesso cognitivo na evolução da espécie” – O Marketing por si não geraria esse evento, não é o papel dele. Um retrocesso cognitivo estaria ligado a educação, pouco estímulo a reflexão e por conseguinte a recusa de ideias irreais que te levariam a consumir um determinado produto ou serviço. No final a escolha é sempre individual assim como sua motivação.