Ao me refazer do impacto da noticia de perder um colega de mercado, que sempre teve mais meu profundo respeito, comecei a enxergar ainda mais claramente a perturbada situação em que socialmente nos encontramos. Parece que não se trata mais daquilo que nos une, o humano!
Realmente me entristeço e acredito fazer parte de um coro que canta sem voz, sem voz perante o absurdo, perante a insensibilidade daqueles que com uma voz que brada alto, aqueles sob os holofotes, conseguem se colocar de forma tão cruel perante uma criança de 11 anos, seus familiares, equipe médica, posto que simplesmente por trás de todo alvoroço causado, revelando o nome infante, apenas queira mais uma vez promover o próprio nome.
Não é possível acreditar que seja em nome do Messias, como também não o pode aquele que deveria estar à frente de mais de 200 milhões não se comover com os mais de 111 mil mortes. Estes que com certeza agora estão definitivamente calados.
111, um número até cabalístico, da mesma cabala, do mesmo povo onde fez nascer o homem Jesus, independente da questão religiosa, é o homem que nos legou o amor e o humano acima de tudo. Aquele que mostrou a importância da empatia, do amor ao próximo, do respeito aos mortos, do reino dos céus. O céu representa nossa ligação com o inalcançável mistério da criação da vida, assim como as águas nossos sentimentos, por isso falamos em águas passadas e mágoas (má água). Sob o céu e sobre as águas está o terreno em que vivemos: a terra e é exatamente o lugar onde podemos viver de forma mais justa, mais humana.
Desse coro que canta sem voz, aos poucos somos ainda mais minados e vamos perdendo a esperança por uma “justiça social” capaz de nos arrefecer o espírito e passarmos os pandêmicos dias na esperança de um mundo melhor.
Honestamente espero que céus e águas se revoltem, voltem a estabelecer o real significado de legado, pois não posso acreditar nos exemplos que vejo, não posso acreditar que sobre apenas nossa vã filosofia para explicar que o conta são os “likes” ou a disputa eleitoral.
Vou ficando por aqui, lembrando Ângela Rô Rô e seu “Dói em mim sentir que a luz que guia; O meu dia, não te guia, não”, também o escritor brasileiro Jorge Amado da brilhante obra “A Morte de Quincas Berro d’Água”.
Todos temos direito a uma segunda chance, que venha para esses, que reescrevam sua história para um legado honrado.
Um brinde, com minha melhor taça, aos saudosos amigos levados pela covid-19: Celso La Pastina e Francesco Paolo Lo Schiavo !
Prof. Santucci
Psicólogo pela USM, Escritor e Comunicador, Pós graduado em Medicina Psicossomática, em Artes Cênicas-Teatro e Especialista em Marketing. Professor das áreas de Psicologia, Gestão de Pessoas, Marketing, Vendas e Serviços.