Um Mundo de Curiosidades II

Voltamos ao mundo das curiosidades.

Naquela semana fiquei de contar como surgiram os espumantes no Brasil e apesar de termos o grande enólogo Philippe Mével, da casa Chandon do Brasil, nos anos 80 do século passado, o inicio se deu mesmo nos idos dos anos 10 do mesmo século, quando um imigrante italiano chamado Manuel produz o primeiro espumante por aqui, anos mais tarde ele fundaria a praticamente centenária vinícola que leva seu sobrenome: Peterlongo.
Manuel seguia à risca o método de Don Perignon, o método clássico ou champegnoise, com a segunda fermentação na garrafa, no entanto na sua Itália anos antes Federico Martinotti, criava o método italiano que promovia a segunda fermentação em tanques ( o mesmo usado na produção e proseccos até hoje). O curioso é que esse método é chamado de charmat, por que o francês Eugène Charmat, fez o que Matinotti deixou de lado: patentear o método.
E falando em patentear os egípcios poderiam ter saído na frente de muita coisa se tivessem registrado sua história com vinho. Em 1922 quando descobriram a Tuma de Tutancâmon, encontraram varias comprovações de como eles já tinham muito conhecimento sobre o vinho. Cercas de 1100 anos antes de Cristo, os vinhedos já eram nomeados e qualificados, muitos vinhos eram safrados e o mais surpreendente: encontraram vinhos tintos, doces e os brancos. Esses últimos só se imaginava que tinham sido produzidos muitos mais próximos da nossa época.
Tem coisas na história do vinho que existem há muito tempo, outras que realmente nasceram ao acaso e foram incorporadas como se sempre existiram.
O uso do enxofre, por exemplo, que serve para conservar e higienizar o vinho foi regulamentado em 1487 por um decreto real na Alemanha, mas seu uso era muito mais antigo, provavelmente desde o Império Romano. A uva Cabernet Sauvignon, sinônimo de classe, estilo e potencia nasceu de um cruzamento das uvas Cabernet Franc (tinta) e a Sauvignon Blanc (branca) ao acaso, no final do século 17 e no século 18 já a mais importante variedade de Bordeuax, porem chamada de Petite Vidure.
Nessa mesma época os vinhateiros tinham plena convicção que o melhor vedante para a garrafa era o uso da cortiça, porém as rolhas não eram enfiadas até o final, pois o único mecanismo para se retirar era o uso das mãos. Só se usou um “parafuso” para retirar a rolha no final do século 17 e o saca-rolhas só foi usado pela primeira vez por volta de 1720.
Para vermos como hábitos tão frequentes hoje em dia demoram tanto tempo para serem incorporados, podemos citar também a cultura dos vinhos biodinâmicos. Data de 1924 a primeira vez que o austríaco Rudolph Steiner palestrou sobre a cultura da agricultura biodinâmica, pregava que a harmonia dos elementos naturais, a influência dos astros, fases lunares afetavam diretamente no desenvolvimento das vinhas, porém foram precisos cerca de 4 décadas para que implantassem esses conhecimentos ao vinho em mais duas para que o produto se tornasse conhecido do grande público. Já o uso dos nomes das uvas, os varietais, nos rótulos de vinhos ganhou o mundo através de Robert Mondavi (EUA) no final dos anos 1960, porém a pontapé inicial nasceu pela Almadén no ano de 1940.
Como diz o ditado, quem vê cara não vê coração. No caso do vinho é tão fascinante conhecer cara e coração, que dificilmente separamos sua alma da sua história e quanto mais intimidade temos com ele, maior nossa vontade de desvendar seus segredos.
Ao abrir a próxima garrafa apenas lembre: “o caminho daquele vinho até seu copo foi repleto de histórias, heranças, paixões e alegrias”.

Na última parte dessa história, as grandes personalidades do vinho.

Publicado por Alexandre Santucci

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